Nossa Marca
AAFAU - Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadí
A Aafau
Maués
Conhecido como Terra do Guaraná, Maués é pioneiro na cultura dessa espécie. Foram os indígenas Sateré-Mawé, habitantes imemoriais da região, que domesticaram e criaram o processo de beneficiamento do guaraná.
Atualmente, o município é o segundo maior produtor de guaraná do Amazonas.
Conhecimentos tradicionais e Sistema Agrícola Tradicional do Alto Urupadí
Ao contrário do plantio em larga escala — feito a partir de mudas clonadas e reproduzidas pelo processo de estaquia — o cultivo tradicional envolve o conhecimento da floresta e a seleção de mudas nativas.
Isso faz dos guaranazais uma espécie de banco de agrobiodiversidade, com imensa variedade genética, e abre a possibilidade de alcançar novos e promissores mercados para os produtos de sistemas agrícolas tradicionais.
Desafios
Entretanto, apenas recentemente o guaraná de Maués foi comercializado para além das fronteiras do município. Quase toda a produção era encaminhada para o setor de bebidas ou para uma rede de atravessadores.
“Nós, produtores, fazíamos um trabalho imenso. [...] Chegava no porto de Maués e passava na mão do atravessador com um preço que não compensa, nem sequer paga as despesas do guaraná”
Fundação da Aafau e gestão
Em sua história, a Aafau sempre contou com parcerias estratégicas para apoiar o seu desenvolvimento.
Em 2015, a Aafau estabeleceu parceria com o Núcleo de Socioeconomia da Universidade Federal do Amazonas (Nusec/Ufam) e com o Instituto Acariquara.
A assessoria técnica identificou alguns dos principais desafios enfrentados pela organização: controle da produção; gestão administrativa, apresentação dos produtos e inserção no mercado; necessidade de agregação de valor; e falta de capital de giro para investir em infraestrutura de estocagem.
Controle social orgânico
O apoio dos pesquisadores da Ufam também foi importante na constituição da Aafau como uma Organização de Controle Social (OCS), reconhecimento de procedência orgânica de produtos da agricultura familiar.
Isso possibilitou aos produtores receber até 30% a mais na venda direta de seus produtos em feiras ou para o governo
— como no caso do fornecimento de produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Beneficiamento secundário
Em Maués, a maior parte do guaraná é comercializada como grão torrado (guaraná em rama), destinado às agroindústrias, e transformado em extrato para produção de refrigerantes e outras bebidas.
Já os produtos beneficiados de forma artesanal — o guaraná em pó, o bastão, o xarope e o licor de guaraná, além de terem grande importância econômica e social, principalmente no consumo cultural diário, são vendidos a preços mais atraentes.
Parcerias e reconhecimento
Outra importante parceria que trouxe reconhecimento e projeção foi com o Conselho Indigenista Missionário e a com Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Maués.
Desse contato, resultou um convite especial: em 2019, a Aafau foi convidada a participar do Sínodo de Roma, uma assembleia de bispos dedicada à Amazônia.
Eles presentearam o Papa com uma muda de guaraná, plantada no jardim do Vaticano. E aproveitaram a viagem à Europa para denunciar o desmatamento e divulgar o guaraná da Aafau como um produto dos povos originários
Rede de Negócios Sustentáveis do Urupadí
Nesse mesmo ano, surgiu a Rede de Negócios Sustentáveis do Urupadí (Renesu), projeto da Ufam que tem por objetivo implementar um consórcio de produção, comercialização e consumo sustentável entre comunidades tradicionais.
A Rede conta com a participação da iniciativa privada, de instituições de ensino
Comercialização e participação em feiras
A comercialização em mercados mais promissores é um constante desafio da Aafau. Desde 2015, a Associação participa da Agroufam, no campus universitário da Ufam, em Manaus.
A experiência em feiras de diferentes estados e países impulsionou o processo de certificação orgânica.
O exemplo e motivação dos membros do consórcio dos Sateré-Mawé também foi fundamental nessa empreitada.
Proposta de Unidade de Conservação Urupadí-Parauari
Os esforços de melhor comercialização se somam aos esforços de gestão territorial e empoderamento político.
O avanço dos madeireiros sobre os territórios tradicionalmente ocupados levou os moradores do Alto Urupadí a pleitearem a criação de uma Unidade de Conservação (UC) na região, do tipo Reserva de Desenvolvimento Sustentável, em 2018.
A UC é uma forma de preservar o território, as matrizes selvagens de guaraná e de outras plantas nativas.